por Elaine
Cavalcante Gomes
A
cidade e os espaços abertos dentro do contexto urbano, possui vários
significados simbólicos importantes, que não só apresenta indícios para
percepção e discernimento das relações espaciais da cidade, como também
podem ser o veiculador mais importante para a educação voltada para a
construção da cidadania. Depositária de fragmentos históricos e
simbólicos, é o lugar onde o sentido de cidadania se forma. A capacidade
de ver e fruir o espaço da cidade torna o cidadão consciente do seu
existir. Ele se vê a si mesmo como protagonista da cena/cenário do
cotidiano. Estudos demostram algumas características do uso do espaço
público ressaltam que o usuário adota determinadas ações que
marcam o seu sentimento em relação ao lugar.Cena de Persépolis |
Cidade como um livro
A cidade é uma fonte de comunicação
que ultrapassa sua conformação dentro do contexto urbano. Ela possui
qualidades imanentes que vão além e legitimam sua importância. Possui
características de um único objeto, onde o indivíduo e o coletivo se
comungam, permitindo dentro do seu espaço existencial a modelização de
símbolos que fazem parte do cotidiano dos seus usuários. Cidade, espaço
mítico, portadora de símbolos, marco arquitetônico e local de ação, ela
congrega o imaginário e o real, a história e a possibilidade de
transformação.
Ela carrega o
potencial de ser o lugar que pode oferecer mudanças e variedades para as
pessoas. Daí, a importância dos espaços urbanos que congregam e dão
valores a essa mesma cidade.
A experiência humana, ab nitio, é uma exteriorização contínua.
O homem, ao se exteriorizar, constrói o mundo no qual se exterioriza a
si mesmo. No processo de exteriorização, projeta na realidade seus
próprios significados.
Cena de Persépolis |
Estudos sobre percepção ambiental apontam que o observador,
através do seu processo de percepção, extrai um esquema pré-icônico, que seria um
espécie de princípio de representação, que vai culminar na
materialização da imagem.
Se que o homem se comunica através de formas, volumes, cores,
etc., se pode, também, descrever a
Arquitetura e os espaços urbanos da cidade como formas de linguagem,
visto que transmitem mensagens ( atuam como objetos ) e são passíveis de
leitura ( interpretação ).
Todo processo de percepção inclui, portanto, a apreensão da
realidade através dos sentidos, cognição, avaliação e conduta. As três
primeiras fases têm como produto o indivíduo. Essa
conduta em relação ao mundo realimenta a cadeia, num constante processo
de feedback.
Cena de Persépolis |
A
participação urbana é o resultado da atividade de um conjunto de
fatores que revelam a cidade enquanto estrutura de informação e de
comunicação. A cidade se molda no constante fluxo das suas
representações enquanto desafios perceptivos que, respondidos, levam o
morador a interferir sobre os destinos urbanos, transformando-o em
cidadão na defesa dos interesses coletivos. Na realidade, os desafios
perceptivos e suas respostas são vetores da cidadania, enquanto
aprendizagem e exercício.
A necessidade de se dar á cidade o papel de transmissora de
conhecimentos vem muito com as tendências atuais do Museu Aberto, Eco
Museu e outras manifestações que saem para os espaços abertos, colocando
a arquitetura com a responsabilidade de compactuar com a não
arquitetura. Isto é, espaços positivos ( arquitetados ) trabalham em
sintonia com os espaços negativos ( ruas, praças, etc. ). Não basta mais
a forma arquitetônica em si, mas o que ela pode afetar o entorno e como
desempenha o seu papel na cidade. Mesmo a forma única deve possuir
qualidades que componham com as outras formas adjacentes, muitas vezes
homogêneas e desprovidas de valores estéticos ou simbólicos. Tomemos
como exemplo as interferências arquitetônicas na vida da cidade, tais
como o mobiliário urbano, traçado de ruas, desenhos de praças, jardins,
paradas de ônibus, locais de comunicação, arte pública e outras formas
que são os elementos básicos com os quais o cidadão constrói o seu
imaginário formal e social. Se, após estudos voltados para a forma,
passarmos a considerar que as manifestações da cidade devem levar ao conhecimento e
não tomarmos como condição que o cidadão já
detém esta informação, podemos implementar ações projetuais e formais que ampliem a
qualidade de vida.
Cena de Persépolis |
Alguns
estudos sobre arquitetura e comportamento estão devendo respostas com
respeito ao usuário, mas a idéia de levar
outras atividades para os espaços públicos, antes restritas aos
ambientes fechados, mostra que novos paradigmas precisam ser
estabelecidos para a arquitetura.
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