O que é arte - a arte no vazio da crença

Podemos começar com o próprio tema que foi escolhido para este evento:
Aquém e Além das Letras? Novas abordagens (inter)semióticas.
Não seria este um exemplo que estamos colocando uma linguagem viciada pelo academicismo quando na realidade só estávamos interessados em saber quais as relações entre as várias artes
Que homem estamos alimentando esteticamente hoje?
Se observarmos ao nosso redor e o que está sendo feito e oferecido, sim, oferecido como um produto digerível, momentâneo e descartável espiritualmente, veremos que estamos destruindo não somente os outros homens, mas aquele que nos habita. Os últimos anos têm artistificado homens comuns, práticos, ordinários. Sua miséria é simbolizada mortalmente pela palavra criatividade, quando as pessoas assumem que este premio lhes é negado. Tudo precisa ser criativo: emprego, escola e nas recomendações de livros escritos sobre sucesso pessoal. Acaba se refletindo no próprio conceito de arte. As obras primas de cinco séculos os condenam a repetir ou repelir. Suas capacidades com pintura, ou sons,ou palavras, já não são úteis. São forçados, pelas circunstâncias, a fazer os seus trabalhos falarem acerca da arte, enquanto mantêm a pretensão de ser arte.


Bansky

Estes artistas talentosos, criadores em potencial poderiam, certamente, destruir fisicamente o passado artístico, se a polícia não estiver por perto, muito mais preocupada em pegar artistas do que criminoso
Vandalismo, vocês dizem, e estão certos. As pessoas comuns sentem a mesma necessidade em guiar espíritos e trabalharem tais objetos que estão aos seus alcance – telefones, máquinas, mobiliário urbano, algumas vezes pinturas ou esculturas de Miguel Angelo. Em todo lugar, as superfícies dos edifícios e veículos, são espaços para mostrar seu desprezo. Grafiti, manifestação elevada à condição de arte popular, tem um profundo desejo de espoliar a face de uma civilização que durou muito. Mesmo as crianças, após erguerem, cuidadosamente e amorosamente, seus edifícios de blocos, joga-os ao chão.

E isto tudo é destruição e esperança no sentido de que a destruição nos leva à crença de que rejuvenesceremos.

O ascensorista comenta sobre o tempo, tendo ao fundo uma música ambiente de Vivaldi. Muita coisa para se ver - jornais, cartazes, outdoors, livros, panfletos, fotografias, telas, ilustrações, diagramas, poemas e prosa. Tudo vem com propriedades artísticas indistinguíveis. É a pulverização e dispersão dos clássicos, seus ecos e imitações. Fora do contexto, todos mal colocados e mal entendidos.
Macbeth em 80 minutos, Tom Jones em filme, Leonardo da Vinci na TV, Rabelais condensado, Shakespeare no parque, programas humanísticos para o inverno, tudo-o-que-você-precisa-saber-sobre-arte-num-livro-de-bolso.


Bansky

Trabalhos completos e vívidos transformam-se em momentos desconectados. Qual a chance da arte nestes eventos descartáveis?
Claramente,, a criação de uma nova arte e cultura dependerão do surgimento de um novo homem.
Nietzshe, que primeiro trouxe a baila o assunto do novo homem, não cometeu este erro. Ele sabia que eventos inesperados teriam que ocorrer antes que novas convicções aparecessem. Está na hora, ou melhor, já passou da hora em que devemos refletir qual da contribuição da arte para o nascimento deste novo homem. A arte ainda tem muito o que nos ensinar, como no passado.

Bansky

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